quarta-feira, 19 de maio de 2010

Mitomania

Uma verdade que não existe, uma mania de querer que o que se pensa, torne-se aquilo que se é. Mentir não significa não falar a verdade, mentir significa viver outras vontades, contar o que se passa de um modo diferente do que aquele que se vive, é mudar a história pra que ela se torne mais emocionance, favorável, feliz ou triste.

(interminado)

domingo, 16 de maio de 2010

Edredom

Eu não sei quantas pernas tinham debaixo do meu edredom, contei histórias, sonhei com mundos a minha volta que não eram o que eu vivia, e uma criança que habitava em mim se fez presente, saímos juntas pra aproveitar o que só nós naquele momento poderiamos ter.
Das coisas que eu tinha sonhado, depois de acordado eu não as lembrei, pensei em tudo que havia sonhado, quais eram as coisas eu já nem sei. Eu agora sonho acordado, um sonho que não sonhei, debaixo do edredom do mundo que imagine.
Num outro dia então durmo novamente tentando sonhar, mas que difícil é sonhar, o mais difícil ainda é realizar. Mas eu encontrei, encontrei o meu sonho debaixo do cobertor, numa tarde de domingo, de frente ao computador. O que era desconhecido então me contemplou, na mais diferente forma de ser, me iludiu, me encantou e me aprisionou dentro de si, quando eu me preparava pra fechar os olhos, ele os abriu, me mostrou os sonhos que são reais, e aqueles que podem tornar-se reais. Os ideais são verdades fundamentadas pela cabeça dos que os possuem.
Na manhã do dia seguinte, com os pés no chão e a cabeça nas nuvens, meio desligado do que acontecia atrás das paredes ao meu redor, lá fora o mundo acontecia, porém dentro daquele quarto, debaixo do meu edredom, aconteciamos nós, eu e meu sonho.
Levantei-me da cama e abri a cortina, que prendia o sol pelos panos, depois as janelas, que não por ruindade prendia o ventro do lado de fora, depois de uma fresta mínima aberta, já sentia-me envolver pelas mãos transparentes.
Dei dois passos à direita, sete à esquerda e entrei no banheiro que me esperava com seu borrifador de água requentada, debaixo ele, só girei seu umbigo estranhamente estruturado e dele fiz jorrar água, essa que fez caminho no meu corpo, lavou minha pele e minh'alma, ao tocar o chão levou o peso da sujeira consigo para o ralo, foi-se, não volta mais.
Depois de todo processo matinal, abri a porta do dia, saí de casa e entrei na rua, vivi toda rotina, amei diferente, ri diferente, tudo foi diferente do que acontece rotineiramente, tudo passou muito rápido e já era noite, lembrei que devia voltar pra casa, meu edredom estava a minha espera, preparado pra me proteger.
Fiz todo caminho de volta, passei por todos os lugares iguais, mas eles estavam diferentes, minha cebça pensava diferente naquele dia. Saí da rua e entrei em casa, fechei a porta e num barulho estridente girei a chave, subi as escadas e me joguei debaixo do chuveiro, de roupa e tudo, elas sairam do meu corpo e eu não sei como, quando me vi, já estava sentado na cama, ouvia o ruído do som que vinha do vento passando pela janela, me levantei para fechá-las, lembrei que na manhã eu as abri, que coisa louca essa de se fechar e abrir, de dias e noites, logo toquei a cortina que a poucos centímetros do chão, moviam-se levemente, as fechei também, e não mais me vi, nem a nada que tinha a minha volta, girei meu corpo e caminhei em direção ao que era a minha cam, bati com o pé na base e num gemido sentei sobre ela, deitei-me, fechei meu olho e sonhei acordado, e descobri que o edredom não fazia diferença, pois quando acordei, ele estava deitado no chão, ao meu lado.
(Para M. Soares)

Vagabundo!

Hoje dei adeus a toda aquela paz que sempre me acompanhava
Gritei comigo mesmo e desesperado chorei, sozinho na rua
Tentei me ouvir, mas não me escutei
Me surrei, mas nada senti
Entre marcas de dor e suspiros
Me distanciei de mim
Algo que me fez viajar
Bem longe, num outro lugar
Num tempo perdido, pra eu nunca me achar
Lá onde o tempo não passa
Onde o dia, nem na noite termina.
Lá, bem distante...
O suficiente pra eu não alcançar com os olhos
ao longo, um tombo, no tango do fim
Metade era inteiro, e o inteiro em mim
Já não era nada, inteira era a estrada
Que me faz me perder, dos carros, carroças...
Difícil é aceitar essa idéia de paraíso
Onde tudo é leve, pleno
Cheio de vazio
Louco é o são as avessas
E acredite, o mundo jura ser bom
Dá voltas e nos faz parar no mesmo lugar
Atira e consegue sangrar
E a noite ele todo dia nos dá
Puta infelicidade que nos segue
Abriga-te nos fins de casos, nos acasos
Busca moradia onde ninguém faz morada
Mas e você, cadê?
Você vive dentro "dum" pote
nos outros, no ouro, em mim, onde enfim?
Ahh sim...
Nada de mim, apenas meu mundo
Do tudo do pouco do nada que sei
Me fiz sem jeito, um bem pra mim
Em ser assim: Vagabundo!