sexta-feira, 6 de maio de 2011

Grilhões

Queria agora que o mundo parasse... gritar um pouquinho talvez me fizesse bem, mas ficar em silêncio talvez fosse melhor. acabei de tragar um gole de qualquer coisa que não é nem um pouco doce, não me pessa para explicar... não, não é fel, não é amargo. Porra! Eu já disse que não tem um gosto específico, só sei que dói.


Eu sou feliz, mas nesse momento eu queria muito esquecer que eu existo ou então que as outras pessoas existem, ficar sozinho, escutar a si, bater palma, xingar qualquer palavra inventada.

Abram as portas da minha casa, quero ver o ar que circula, abram mais portas do que todas as que existem por aqui, esse vácuo não pode ser tão grande quanto a imensidão do meu quarto frio.

Rainha dos raios, faz estrondo, manda raio. Você que é do Mar, agita as ondas, manda água. O da Mata, vem com seu cavalo triunfante, cavalgue para o além de qualquer eu pacífico de existência. Mãe do choro, me deixe livre do que me consome. É uma súpilca! O dia está branco, e eu gris aqui dentro.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Grande

Tão, mas tão, mas tão grande, que me faz pequeno.
Eu sei o que eu tenho pra você... O maior amor do mundo.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Pra fora

É toda verdade que eu queria dizer, a verdade que nunca vai existir pros outros, a minha verdade, o que é só meu,só eu penso, só eu sei. Tenho medo da minha verdade, mas ela me faz feliz.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Projeção de "Pele-ícula"

Tudo começou como um filme e desde então é nesse "longa metragem" que eu vivo, entrei pela porta de trás, como quem vai de carona, mas o reflexo do retrovisor me ofuscava a vista daquele que dalí pra frente seria o meu "ângulo de câmera", pra onde ficariam voltada todas as atenções.
O "argumento" é bem simples: Amor a primeira vista. Poderia ser como Cabral em 22 de Abril e até mesmo Da Vinci, quando resolveu "enquadrar" a sua indefinida Gioconda.
O primeiro "Close Up" foi ocasional, duas pessoas movimentavam-se, o espaço atrás era quase vazio, ocupava-se apenas por um bar mal iluminado, por outro lado, haviam luzes que riscavam seu rosto, vindas dos scaners postos no teto daquela festa diferente. Assustado com tudo isso, o "claquet" primeiro nos ficou apenas para os "extras", não fará parte do "roteiro final", o que não quer dizer que essa história terá fim.
As "adaptações" foram sendo feitas, todo o "cenário" foi modificado, luzes, som e a "ação". Foi num toque das mãos, que um dos personagens pegou-se surpreendido pelo que se sucedia, na "cena" que até o diretor parou para assistir o próprio "filme" da vida real. Produzido em "pele-ícula", de contato sutíl, quase imperceptível, mas causador de um furacão avassalador de sentimentos transbordados pelo coração pulsante e a mente que confidenciava as vontades subsequentes.
A "produção" era independente, as dificuldades seriam enfretadas a partir do momento em que fossem surgindo e por mais que fossem esperadas, as que surgiram foram facilmente resolvidas, tudo pelo companheirismo que envolvia toda a equipe e os dois "atores" principais, que não sabiam, mas eram nascidos no mesmo dia, no mesmo mês do mesmo ano e portanto isso tornaria o entrosamento entre os dois o mais especial possível.
A conversa entre os dois se tornava a cada dia mais constante, até o dia em que os dois não conseguiam passar um dia sem se falar, ailás, horas, por vezes, minutos. Foi quando deram-se conta de que o filme havia se tornado a realidade dos dois. O "roteiro" ainda assim seguia-se fielmente, intacto, entretanto o tato era presença obrigatória, até o "autor" resolver mandar um dos "personagens" pra um lugar distante de qualquer civilização, do outro lado do oceano.
As "cenas" subsequentes for filmadas em Nellysford. A "filmagem" iniciou na temporada de inverno. Desde então, o verão que fazia entre os dois foi transferido pra um frio descomunal, a relação foi mantida, a única coisa que mudou foi a temperatura, e isso não influenciava em nada, por mais que houvessem impecilhos tudo foi mantido. A distância na verdade serviu de combustível pro fogo do sentimento, e a combustão das misturas fazia bem ao mundo e mais ainda aos dois. Foram necessários três meses pra que as gravações acontecessem e que os dois voltassem a se ver fisicamente.
No dia derradeiro, malas prontas e um sorriso, que não disfarçava a ansiedade. Embarque direto ao estado de graça, e por lá esperando com um buquê de flores e na mesma sintonia estava o contracenante. Agora, apenas algumas horas separavam os dois do fatídidoco encontro, amor que sairia das "telas" para viver na vida de dois personagens reais, um romeu e julieta sem o triste final.
(continuar)

domingo, 21 de novembro de 2010

Coisas da Vida

Foi o escuro que quis me esconder de você, era tudo tão viceral e isso tudo foi desaparecendo, por um instante jurava ter fechado os olhos, mas eu os abri, os esfreguei e os abri, você havia se transformado em parte daquele vazio, negro e salgado, gasoso... eu te respeirei durante todo tempo, te senti entrando pelas narinas, aquilo me machucava, formava muco na superfíci circular acima da minha boca e aquilo que me pingava como o que pinga nas crianças largadas no morro era você.
Havias fugido de mim pra se reinventar, transformar seu mundo, vencer barreiras e como? A maior barreira eramos nós e você fugiu disso. Filho da puta e eu repito: fi-lha da pu-ta, eu sinto o sabor das palavras que falo e nessa hora te chamar assim me deixa com um gosto doce na boca, talvez porque eu devesse chamá-la de amor, mas o seu amor já me apeteceu, hoje o que me apeteceria seriam as madrugadas infernais e lentôneas que usurpão meu sono, você não... não mesmo.
Alguém me sopra ao ouvido alguma melodia de merda, daquelas que os infelizes, meretrizes, bêbados e cornos gozam ouvir, porque é nesse momento que vem tudo na mente, agente ri, chora, sente o gosto de tudo e o do nada também, e é esse que agente prefere porque ele dói e como se não bastasse viver, agente gosta de sentir dor, putos sadomasoquistas que não gozam de prazer algum... só enchem as cabeças alheias, porque além de dor o que apetece os fodidos de espírito, pobres de amor e narcisos do próprio ego é simplismente ter algo pra inflar-se, sentir-se alto e desnormalizar aos que estão a sua volta.
Vão esbravejar, pode ser que acendam a luz, mas nesse momento eu não quero mais, o escuro sou eu agora e a claridade viria para matar a minha existência, o dolo então é do sol. Eu tenho tanta coisa pra ontem...
"Existem coisas na vida, das quais até Deus duvida, tem beijos de boas vindas, tem beijos de despedida, tem choro, coro, decoro, entrada não tem saída, tem fórum, falta de coro, tem um toque de midas. Tem quem apronte um salseiro, tem gente muito querida, tem cara de pau de monte, morte por uma dívida, tanta coisa pra ontem. Existem coisas na vida, das quais até Deus duvida, tem que não tenha guarida nas vielas e avenidas, tem olho da rua, beco, tem ouro de tolo, toro, tem vaca e mulher parida. Tem gente que é só sucesso, como tem gente falido, tem gente que não tem berço, bandido, gente excluída. Tem gente muito valente, tem gente só suícida e por ter gente demente, tem gente que é prevenida. Tem coisa que segue em frente, tem coisa já falecida. Existem coisas na vida das quais até Deus duvida é o diabo à quatro, querida."

domingo, 31 de outubro de 2010

Lamúria

Se de um tango eu tirei meu canto
meu desalento de solidão
minha nostalgica ideologia
minha pequena imensidão

Da lamúria fiz meu canto
brando, santo, samba de comunhão
Acompanhante de mim mesmo
Vereda de interiorização

Quiçá você, o sol, o mar
Me enamorar num domingo
Ralentar as horas, perdurar...
Desilusão de sal, açúcar
São, foi São Paulo que o abrigou

Viver é à prestação
Morrer, talvez
Tudo a mim é grande
Até o vazio do Rio, no frio
Maresia de calafrio.

(para ser editado)

Idéia e Miséria

Todas as grandes idéias são perigosas. (Oscar Wilde)

Pseudo-criador de seus monumentos, os levantam e os assentam na infatigável cabeça dos pensantes e também daqueles que não fazem uso das suas. Quantos foram os indignos das suas glórias, não fossem o tamanho das suas obras... o que fica, é o que verdadeiramente importa aos olhos vislumbrantes, vislumbrados.
Imponente aos olhos de quem vê, seus montes nunca o farão convir ou admitir quem tu és, tudo é pouco, e se assim não fosse, tu farias de tu mil, para que pudesses redimir-se frente àquilo que representará o grão plantado e germinado das vagantes idéias caminhantes do seu pequeno cérebro.

(incompleto)