sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Projeção de "Pele-ícula"

Tudo começou como um filme e desde então é nesse "longa metragem" que eu vivo, entrei pela porta de trás, como quem vai de carona, mas o reflexo do retrovisor me ofuscava a vista daquele que dalí pra frente seria o meu "ângulo de câmera", pra onde ficariam voltada todas as atenções.
O "argumento" é bem simples: Amor a primeira vista. Poderia ser como Cabral em 22 de Abril e até mesmo Da Vinci, quando resolveu "enquadrar" a sua indefinida Gioconda.
O primeiro "Close Up" foi ocasional, duas pessoas movimentavam-se, o espaço atrás era quase vazio, ocupava-se apenas por um bar mal iluminado, por outro lado, haviam luzes que riscavam seu rosto, vindas dos scaners postos no teto daquela festa diferente. Assustado com tudo isso, o "claquet" primeiro nos ficou apenas para os "extras", não fará parte do "roteiro final", o que não quer dizer que essa história terá fim.
As "adaptações" foram sendo feitas, todo o "cenário" foi modificado, luzes, som e a "ação". Foi num toque das mãos, que um dos personagens pegou-se surpreendido pelo que se sucedia, na "cena" que até o diretor parou para assistir o próprio "filme" da vida real. Produzido em "pele-ícula", de contato sutíl, quase imperceptível, mas causador de um furacão avassalador de sentimentos transbordados pelo coração pulsante e a mente que confidenciava as vontades subsequentes.
A "produção" era independente, as dificuldades seriam enfretadas a partir do momento em que fossem surgindo e por mais que fossem esperadas, as que surgiram foram facilmente resolvidas, tudo pelo companheirismo que envolvia toda a equipe e os dois "atores" principais, que não sabiam, mas eram nascidos no mesmo dia, no mesmo mês do mesmo ano e portanto isso tornaria o entrosamento entre os dois o mais especial possível.
A conversa entre os dois se tornava a cada dia mais constante, até o dia em que os dois não conseguiam passar um dia sem se falar, ailás, horas, por vezes, minutos. Foi quando deram-se conta de que o filme havia se tornado a realidade dos dois. O "roteiro" ainda assim seguia-se fielmente, intacto, entretanto o tato era presença obrigatória, até o "autor" resolver mandar um dos "personagens" pra um lugar distante de qualquer civilização, do outro lado do oceano.
As "cenas" subsequentes for filmadas em Nellysford. A "filmagem" iniciou na temporada de inverno. Desde então, o verão que fazia entre os dois foi transferido pra um frio descomunal, a relação foi mantida, a única coisa que mudou foi a temperatura, e isso não influenciava em nada, por mais que houvessem impecilhos tudo foi mantido. A distância na verdade serviu de combustível pro fogo do sentimento, e a combustão das misturas fazia bem ao mundo e mais ainda aos dois. Foram necessários três meses pra que as gravações acontecessem e que os dois voltassem a se ver fisicamente.
No dia derradeiro, malas prontas e um sorriso, que não disfarçava a ansiedade. Embarque direto ao estado de graça, e por lá esperando com um buquê de flores e na mesma sintonia estava o contracenante. Agora, apenas algumas horas separavam os dois do fatídidoco encontro, amor que sairia das "telas" para viver na vida de dois personagens reais, um romeu e julieta sem o triste final.
(continuar)

Nenhum comentário:

Postar um comentário