Ó pai, não deixa que façam de mim, o que da pedra tu fizeste e que a fria luz da razão não cale o azul da aura em que me vestes, dá-me leveza nas mãos, fazei de mim um nobre domador, laçando acordes diversos dispersos no tempo, no templo do amor. que se eu tiver que ficar nú hei de envolver-me em pura poesia, e dela farei minha casa, minha asa, loucura de cada dia. Dá-me o silêncio da noite, pra ouvir o sapo namorar a lua, dá-me direito ao açoite, ao ócio, ao cio, à vadiagem pela rua. Deixa-me perder a hora, pra ter tempo de encontrar a rima, ver o mundo de dentro pra fora, e a beleza que aflora de baixo pra cima. Ó meu pai dá-me o direito de dizer coisas sem sentido, de não ter que ser perfeito, pretérito, sujeito, artigo definido....
De me apaixonar todo sia e ser mais jovem que meu filho, e ir aprendendo com ele a magia de nunca perder o brilho, virar os dados do destino de me contradizer, de não ter meta, me reinventar, ser meu próprio Deus, viver menino.... Morrer poeta.
Venho até aqui agradecer, por esse texto maravilhoso, que me ajudou muito em uma hora um tanto difícil...Muito OBRIGADO!
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