quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Alma Nua

Ó pai, não deixa que façam de mim, o que da pedra tu fizeste e que a fria luz da razão não cale o azul da aura em que me vestes, dá-me leveza nas mãos, fazei de mim um nobre domador, laçando acordes diversos dispersos no tempo, no templo do amor. que se eu tiver que ficar hei de envolver-me em pura poesia, e dela farei minha casa, minha asa, loucura de cada dia. Dá-me o silêncio da noite, pra ouvir o sapo namorar a lua, dá-me direito ao açoite, ao ócio, ao cio, à vadiagem pela rua. Deixa-me perder a hora, pra ter tempo de encontrar a rima, ver o mundo de dentro pra fora, e a beleza que aflora de baixo pra cima. Ó meu pai dá-me o direito de dizer coisas sem sentido, de não ter que ser perfeito, pretérito, sujeito, artigo definido....
De me apaixonar todo sia e ser mais jovem que meu filho, e ir aprendendo com ele a magia de nunca perder o brilho, virar os dados do destino de me contradizer, de não ter meta, me reinventar, ser meu próprio Deus, viver menino.... Morrer poeta.

Um comentário:

  1. Venho até aqui agradecer, por esse texto maravilhoso, que me ajudou muito em uma hora um tanto difícil...Muito OBRIGADO!

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